sábado, 19 de abril de 2014

Olho pra mim

Vivo pelos meus olhos, sempre ocupados,
Procurando em qualquer coisa algum conforto,
Alguma beleza lá nos corpos afastados
Que seja alívio p´rum desejo morto.

Meus olhos são ativos, aplicados,
Separando formas, abolindo o fundo,
Estudando os corpos destacados
Minha vontade se esvai no mundo.

Coração,

Contém meus olhos, prende-os fechados
Sob a pálpebra que me rouba o dia,
Que eu quero lembrar somente o que sentia
Quando os tinha tolamente enuviados.

Quero sentir faltar o mundo inteiro,
E que um sonho visite só meu peito,
Que sem ver qualquer delírio é verdadeiro,
Sem olhos o coração vê do seu jeito.

Quero cravar meus olhos no meu peito
E ver somente o que já tinha achado.

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